Em um movimento que acena para a promessa de melhorar as condições alimentares das famílias brasileiras em vulnerabilidade social, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem estudado a implementação de um complemento ao Programa Bolsa Família: o “vale carne“. Esta medida propõe um benefício adicional de R$ 35 aos já beneficiários do programa, objetivando facilitar o acesso à proteína de qualidade.
Durante a campanha eleitoral de 2022, Lula prometeu que, sob sua administração, o brasileiro voltaria a colocar picanha em sua mesa, simbolizando com isso uma esperada melhoria econômica que permitiria uma alimentação mais rica e diversificada.
No entanto, emerge uma questão crucial: o valor proposto para o vale carne seria realmente suficiente para tal? O benefício, ainda na fase de proposta, visa contemplar cerca de 19,5 milhões de pessoas, promovendo não apenas a segurança alimentar mas também a dinamização do setor pecuário nacional.
Vale carne do Bolsa Família não compraria picanha
Originada de um grupo de pecuaristas do Mato Grosso do Sul e entregue ao ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, a ideia do “Carne no Prato” (nome provisório) é assegurar que as proteínas de origem animal se tornem mais acessíveis às mesas brasileiras, especificamente àquelas das famílias de baixa renda.
A realidade dos preços no mercado, contudo, pinta um cenário diferente daquele idealizado. A picanha, corte nobre e um dos mais desejados pelos consumidores, apresenta um preço que vai muito além dos R$ 35 propostos pelo governo.
Em média, o custo de 1 kg de picanha oscila próximo ao dobro do valor do benefício, tornando a aquisição deste corte específico um desafio intransponível para os potenciais beneficiários do vale. Tal discrepância entre a promessa de campanha e a realidade econômica evidencia as dificuldades em cumprir a visão de Lula de um retorno da picanha ao cotidiano alimentar das famílias menos favorecidas.
Vale carne do Bolsa Família é apenas uma proposta
Por ora, o “vale carne” permanece como uma proposta em análise, demandando a aprovação de órgãos competentes, além de enfrentar críticas relacionadas ao seu impacto fiscal e às preocupações ambientais associadas à produção intensiva de gado.
Especialistas sugerem que a limitação do benefício à compra de carne bovina poderia não ser a abordagem mais eficaz, indicando a necessidade de considerar alternativas que ofereçam um melhor custo-benefício e promovam uma dieta mais diversificada.
Enquanto a proposta do “vale carne” representa uma iniciativa louvável em teoria, na prática, ela traz à tona questionamentos sobre a viabilidade de se atender às expectativas alimentares de uma população carente.
A disparidade entre o custo de cortes como a picanha e o valor do benefício reflete as complexidades e os desafios inerentes à implementação de políticas públicas que visam melhorar a qualidade de vida das camadas mais vulneráveis da sociedade.
Se aprovada, a medida será um passo importante na luta contra a fome e na promoção da segurança alimentar no Brasil, embora ainda distante da promessa eleitoral de um retorno triunfal da picanha às mesas brasileiras.