Dia Nacional do Maracatu (1° de agosto) será feriado nacional? Lula sanciona lei

Em um gesto que celebra a riqueza e o legado da cultura afro-brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, em 12 de novembro de 2024, o projeto de lei (PL) 397/2019, instituindo o Dia Nacional do Maracatu.

Embora essa data especial, marcada para o dia 1º de agosto, não seja um feriado nacional, representa um passo importante para dar visibilidade e reconhecimento ao Maracatu em nível nacional.

Origem do Dia Nacional do Maracatu

O 1º de agosto foi escolhido para homenagear Luís de França, ícone do Maracatu e líder do Maracatu Leão Coroado, o grupo mais antigo de Pernambuco. Seu nascimento nesta data é visto como símbolo de devoção à tradição e ao Maracatu, que ele ajudou a moldar até seu falecimento em 1997.

O Dia do Maracatu já era celebrado no estado de Pernambuco, mas, agora, com a sanção presidencial, essa data ganha uma dimensão nacional, promovendo a cultura nordestina e afro-brasileira para todo o Brasil.

Uma arte de herança e resistência Afro-Brasileira

O Maracatu nasceu em Pernambuco, no século XVIII, e é uma manifestação cultural profundamente ligada às raízes africanas do Brasil. Suas batidas rítmicas, tambores e cânticos são uma herança dos povos africanos que foram trazidos ao Brasil.

Como destacou a ministra Luciana Santos, o Maracatu reproduz a tradição das coroações de reis e rainhas africanas, especialmente as do Congo. Essa prática celebrava a dignidade dos escravizados, criando um espaço onde podiam expressar sua cultura e identidade em terras brasileiras.

Além da música e dança, o Maracatu tem uma forte conexão com elementos religiosos, misturando tradições africanas e católicas. A performance do Maracatu representa mais que um espetáculo; é um ritual que celebra a espiritualidade e a resistência cultural de um povo.

O maracatu como patrimônio cultural do Brasil

Com a sanção do Dia Nacional do Maracatu, o governo reforça a importância da cultura popular e o papel fundamental do Maracatu como uma das manifestações artísticas mais autênticas e vibrantes do Brasil.

O presidente Lula ressaltou que essa lei deve ajudar a difundir o Maracatu para além das fronteiras de Pernambuco, levando-o ao conhecimento de todos os brasileiros e ao público internacional. Para isso, propôs o apoio de patrocinadores públicos e privados.

Além de criar a data comemorativa, Lula indicou que o Estado brasileiro deve desenvolver ações efetivas que possibilitem o fortalecimento do Maracatu. Isso inclui apoio a apresentações, workshops, e até mesmo programas de ensino sobre o Maracatu nas escolas, para que essa cultura seja preservada e promovida.

Papel das figuras públicas e grupos culturais

Como autora do projeto quando ainda era deputada federal, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, tem um papel importante na realização do Dia Nacional do Maracatu. Sua atuação foi essencial para dar visibilidade a essa cultura única.

Durante a sanção, o mestre Maciel Salustiano apresentou o Maracatu de Baque Virado, levando um espetáculo de som e cor ao Palácio do Planalto. Grupos como o Maracatu Rural, típico da Zona da Mata de Pernambuco, representam a pluralidade do Maracatu, com expressões variadas que encantam plateias pelo Brasil afora.

Mais que uma dança

Ao discursar, Margareth Menezes, ministra da Cultura, destacou o Maracatu como um símbolo de ancestralidade e resistência. Ela ressaltou que o Maracatu é “um grito, uma celebração da cultura popular brasileira,” que une comunidades, alimenta a alma, e transporta todos os presentes a um espaço-tempo onde a alegria e a tradição afro-brasileira ganham vida.

O Maracatu é mais que uma expressão cultural. É um mosaico que reflete a trajetória dos negros escravizados no Brasil, sua luta por dignidade e identidade, e a resistência de um povo que encontrou na arte e na tradição uma forma de manter sua cultura viva.

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