Deu ruim: empresa de energia é a que mais recebe reclamações no Brasil

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) enfrenta uma crise de imagem preocupante. Entre setembro de 2023 e agosto de 2024, mais de 3 milhões de reclamações foram registradas contra a empresa na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), tornando a Copel a empresa com o maior número de queixas no setor de energia do país.

O foco principal das reclamações é a falta de energia, que afeta milhões de clientes em diferentes regiões, com impactos graves, inclusive, no setor produtivo e no cotidiano das pessoas.

A insatisfação crescente e a repercussão negativa colocam em evidência a qualidade dos serviços prestados após a privatização da Copel, reacendendo o debate sobre a entrega de empresas públicas ao setor privado.

O apagão em São Paulo e a ampliação do debate sobre privatização

Recentemente, um apagão em São Paulo afetou 2,1 milhões de imóveis, destacando a vulnerabilidade do setor energético no Brasil e contribuindo para um aumento nas reclamações sobre a qualidade dos serviços.

Embora o caso tenha ocorrido fora da área de atuação da Copel, ele impulsionou discussões sobre a venda de empresas de serviços públicos, uma questão que vem ganhando força no cenário político e econômico do país.

O deputado estadual Requião Filho (PT) tem usado esses incidentes como exemplo de que a venda de empresas públicas não é a solução para os problemas do setor energético. Segundo o parlamentar, o lucro privado está sendo colocado acima da qualidade do serviço e do bem-estar da população, algo que ele considera um erro estratégico de grandes proporções.

Setor agropecuário também reclama

A insatisfação com a Copel não se limita ao ambiente urbano. Produtores rurais no Paraná também têm manifestado descontentamento com os serviços da companhia. De acordo com uma pesquisa realizada pela Federação de Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), 60,5% dos entrevistados afirmaram estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos com o fornecimento de energia.

As principais reclamações desse setor incluem:

  • Falta constante de energia elétrica: Especialmente durante períodos críticos para o agronegócio, como colheitas e safras, quando a disponibilidade de energia é essencial para manter o funcionamento das atividades.
  • Demora na resolução de problemas: Os produtores relatam que as respostas da Copel em casos de falta de energia ou problemas na rede elétrica têm sido lentas e ineficazes.
  • Oscilação da rede elétrica: A instabilidade na voltagem prejudica equipamentos e maquinários, resultando em perdas financeiras significativas.

Privatização

Quando a Copel foi privatizada, um dos argumentos centrais para justificar a venda era a promessa de modernização e melhorias nos serviços. No entanto, críticos afirmam que esses investimentos não se concretizaram como esperado.

De acordo com Requião Filho, o que se vê, na prática, é o enriquecimento de poucos às custas da deterioração dos serviços prestados à população.

Outro ponto de preocupação é o desemprego gerado pela privatização. Milhares de trabalhadores foram demitidos ou tiveram suas funções reestruturadas desde que a Copel foi privatizada, o que, segundo especialistas, impacta diretamente a qualidade do atendimento e a manutenção da infraestrutura.

Quem paga a conta?

O aumento nas reclamações contra a Copel levanta questões importantes sobre o futuro do setor de energia no Brasil. A privatização, embora vista como uma solução para a falta de investimentos no passado, está sendo cada vez mais criticada por seus resultados.

Se as empresas de energia privadas não conseguirem entregar os serviços prometidos, quem realmente sairá perdendo será a população, que continua a lidar com apagões, oscilações de rede e falta de resposta rápida em momentos de necessidade.

Enquanto a discussão continua, milhões de brasileiros esperam por soluções que possam garantir energia estável e de qualidade.

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