A pequena nação da Oceania, Tuvalu, está ameaçada pelo crescente nível do mar. O pico mais alto do país está a meros cinco metros acima do nível do mar, correndo o risco de ser completamente submerso em poucas décadas. Com cerca de 11 mil habitantes, Tuvalu se apressa para encontrar maneiras de combater essa grave situação. Uma estratégia ousada e inovadora que propõe: tornar-se a “primeira nação digital do mundo”.
Sua iniciativa é um esforço de criar uma “presença online” capaz de substituir a presença física. De acordo com Simon Kofe, ministro da Justiça, Comunicação e Relações Exteriores de Tuvalu, a ideia é que a digitalização seja tão completa que permita aos cidadãos participarem de eleições via online. Uma tática futurista para um problema atual e iminente.
Por que Tuvalu quer se tornar a primeira nação digital?
Em face da crise climática global, Tuvalu, como muitas outras nações insulares, já sente os efeitos dos fenômenos meteorológicos extremos e do aumento do nível do mar. A situação tem se agravado com o tempo, culminando na ideia de transferir o país para o metaverso no final de 2022. “Estamos afundando, mas o mesmo está acontecendo com todos. Não importa se sentimos os efeitos hoje, como Tuvalu, ou daqui a 100 anos”, disse Kofe.
Como Tuvalu está se preparando para ser uma nação digital?
Até agora, a estratégia de Tuvalu para se transformar em uma nação digital incluiu o mapeamento tridimensional de todas as suas 124 ilhas e ilhotas. Além disso, o país também está investindo significativamente na infraestrutura de comunicações com a criação de um passaporte digital e a instalação de um cabo submarino para garantir a largura de banda necessária para a mudança digital.
No entanto, a digitalização de Tuvalu é mais do que apenas infraestrutura. As autoridades também procuram preservar a cultura e a história de Tuvalu, coletando “artefatos de valor sentimental, o som da linguagem dos nossos filhos, a sabedoria das histórias dos nossos avós ou as danças vibrantes dos nossos festivais”. Toda essa informação será digitalizada e armazenada, tornando-se parte da “arca digital” de Tuvalu.
Quais são os desafios legais e de soberania no processo de digitalização de Tuvalu?
Apesar da inovação, um país completamente digital enfrenta desafios significativos. A Convenção de Montevidéu, que define os direitos e deveres dos Estados desde 1933, afirma que o território definido e a população permanente são as bases para a existência de um Estado. Em resposta a isso, Tuvalu alterou a definição de Estado em sua Constituição, sinalizando que o país continuará existindo, não importa a perda de seu território físico devido às alterações climáticas.
Até agora, doze nações, incluindo as Bahamas e Gabão, assinaram comunicados conjuntos reconhecendo essa nova definição de Estado. O primeiro-ministro de Tuvalu, Kausea Natano, assegura que a soberania de Tuvalu não é negociável e que o país continuará existindo, não importa em qual formato.
O caso de Tuvalu é um alerta para o mundo sobre a urgência do combate à crise climática. Uma nação ameaçada pelo aumento do nível do mar se prepara para uma transição sem precedentes para o mundo digital, na esperança de preservar a sua existência e cultura para as próximas gerações.