Mesmo inelegível até 2030 devido a condenações pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou nesta terça-feira (22) que será o candidato da direita à Presidência da República em 2026.
A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), após um almoço entre as autoridades.
A afirmação de Bolsonaro gerou surpresa e aumentou as especulações sobre o cenário político para as próximas eleições. O ex-presidente tem mantido uma postura ativa em eventos políticos e permanece uma figura central na direita brasileira, mesmo após ter sido condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em 2023.
As condenações pelo TSE
Bolsonaro foi declarado inelegível em junho de 2023, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluir que ele abusou do poder político ao realizar uma reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em julho de 2022.
Na ocasião, Bolsonaro fez acusações infundadas sobre fraudes no sistema eleitoral brasileiro, repetindo alegações que já haviam sido desmentidas por autoridades eleitorais e especialistas.
A reunião foi transmitida pela TV oficial do governo, o que caracterizou uso indevido dos meios de comunicação. A Corte entendeu que o evento, realizado pouco antes do início da campanha eleitoral, visava influenciar a opinião pública e minar a confiança no processo eleitoral.
Além disso, Bolsonaro e seu candidato a vice, Walter Braga Netto, foram condenados por abuso de poder político e uso eleitoral das cerimônias públicas do Bicentenário da Independência, realizadas em setembro de 2022.
Para os ministros do TSE, as celebrações no Rio de Janeiro e em Brasília foram transformadas em eventos de campanha, com Bolsonaro usando a ocasião para promover sua candidatura à reeleição.
Bolsonaro insiste em sua relevância política
Apesar das condenações e da inelegibilidade, Bolsonaro continua se apresentando como o principal líder da direita no Brasil. Durante a coletiva de imprensa, ele afirmou que o povo tem “saudade” de seu governo e que ele é o “ex mais amado do Brasil”.
Além disso, sugeriu que seu retorno à presidência em 2026 é desejado por seus seguidores, fazendo referência ao seu nome do meio, Messias, ao ser questionado sobre quem seria o candidato da direita.
“Quem é o substituto do Lula na política? Não tem. De Bolsonaro? Tem um montão por aí. Eu colaborei formando lideranças, e estou muito feliz com isso. Só fiz um bom governo e o povo reconhece”, declarou o ex-presidente, sugerindo que sua influência sobre a política brasileira está longe de se esgotar.
Apoio de Tarcísio de Freitas e alianças políticas
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e ex-ministro de Infraestrutura de Bolsonaro, foi enfático ao declarar que o ex-presidente será o candidato da direita em 2026. No entanto, quando questionado sobre suas próprias ambições políticas, Tarcísio desconversou e afirmou seu foco na eleição municipal de São Paulo, que seria realizada no próximo domingo (27).
A relação entre Bolsonaro e Tarcísio tem sido alvo de atenção nos círculos políticos, com muitos especulando que o governador poderia ser um potencial sucessor do ex-presidente. No entanto, até o momento, Tarcísio parece relutante em assumir esse papel, preferindo manter-se alinhado ao ex-presidente e evitar declarações sobre uma possível candidatura presidencial.
Mesmo inelegível, Bolsonaro continua a se posicionar como o líder natural da direita no Brasil. Suas declarações recentes indicam que ele pretende continuar influenciando o cenário político, seja diretamente ou por meio de aliados.
A incerteza sobre sua inelegibilidade e seu papel em 2026 continua a ser um dos principais temas de debate entre analistas e eleitores.