Anvisa bate o martelo e suspende remédio contra insônia de todas as farmácias: “extremamente perigoso”
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tomou uma decisão impactante ao suspender a venda do zolpidem, um medicamento utilizado para tratar insônia, em todas as farmácias do Brasil. Esse remédio, que se tornou uma solução rápida para muitos brasileiros lidando com a insônia em meio a uma vida corrida e estressante, revelou-se extremamente perigoso devido ao seu vício e efeitos colaterais graves.
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Com a crescente demanda por soluções rápidas para problemas de sono, muitos brasileiros recorreram aos consultórios médicos em busca de prescrição de zolpidem. A busca por um sono rápido e controlado levou à popularização desse medicamento, que prometia resultados imediatos.
Dalva Poyares, neurologista especialista em sono, pesquisadora do Instituto do Sono e professora da Unifesp, destacou em uma entrevista recente ao podcast “O Assunto” a pressão social por soluções rápidas para dormir: “As pessoas querem dormir rápido, acordar naquele momento e controlar esse tempo de sono. Dormir rápido virou uma demanda importante na nossa sociedade.”
Efeitos perigosos do Zolpidem
A necessidade de uma rápida indução do sono levou muitos a ignorar o fato de que o zolpidem possui efeitos colaterais severos. Poyares explicou que a demora para dormir pode ser normal e que acordar no meio da noite e voltar a dormir também faz parte do ciclo natural do sono. No entanto, a rapidez com que o zolpidem age o torna altamente viciante, o que representa um risco para os usuários.
Os relatos de dependência e os efeitos adversos como amnésia e comportamentos inconscientes alarmaram a Anvisa, levando à decisão de apertar o controle sobre a prescrição do medicamento. A partir de agosto, a compra de zolpidem só será possível com uma receita azul, um procedimento que envolve um rigoroso controle médico.
Funcionamento do Zolpidem no organismo
Poyares elucidou como o zolpidem atua no cérebro, destacando o receptor GABAA e sua subunidade Alfa 1, responsável pelo efeito hipnótico potente do medicamento. “Esse tipo de GABAA que tem Alfa 1 é muito prevalente no cérebro. Com 30% de ligação desses receptores, você já tem um efeito hipnótico. Se passar um pouquinho desses 30%, você tem o efeito amnéstico,” explicou.
Esse efeito pode levar a comportamentos perigosos e amnésia, onde as pessoas realizam atividades sem qualquer lembrança posterior.