A construção da usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, que teve aprovação dada pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU-CE), envolveu fortes polêmicas devido aos potenciais riscos para o funcionamento da internet no Brasil. A proposta da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e do governo do Ceará inclui a instalação de uma usina subaquática que visa fornecer água potável durante momentos de seca no estado.
Este local escolhido para a construção da usina também é um centro crucial para o funcionamento da internet no país, já que os cabos de fibra óptica que ligam o Brasil à Europa passam por lá. Isso significa que qualquer dano a esses cabos pode resultar em um “apagão” de internet ou fazê-la funcionar com lentidão.
O debate sobre a construção da usina na Praia do Futuro
A decisão da SPU-CE de dar o sinal verde para a construção da usina foi uma negação direta às preocupações da Anatel, que a alertou repetidamente sobre os riscos potenciais que o projeto poderia representar para a funcionalidade adequada dos cabos de fibra óptica. Apesar das mesmas preocupações terem sido comunicadas em setembro de 2022, apenas em agosto deste ano as alterações no projeto foram informadas à agência.
A Anatel, por sua vez, solicitou diversas vezes que o projeto fosse deslocado para um local diferenciado para evitar qualquer interrupção no funcionamento da internet. A construção da usina requer um posicionamento estratégico das tubulações que inicialmente estavam planejadas para serem colocadas a 40 metros dos cabos, mas tal distância foi posteriormente alterada para 567 metros a pedido da Anatel.
Qual é o próximo passo?
De acordo com a Cagece, estão sendo feitos movimentos no sentido de solicitar a Licença de Instalação do equipamento junto à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Se tudo correr conforme o planejado, a construção da planta terá início em março de 2024.
Por outro lado, as preocupações com a localização da usina ainda são fortes entre as empresas que fornecem serviços de internet no Brasil. Aparentemente, um temido “apagão digital” pode ocorrer se a construção da usina tiver o impacto negativo que muitos acreditam que terá nos cabos de fibra óptica.
O cronograma de construção da usina ainda está mantido, apesar dessas preocupações e da forte oposição da Anatel. No entanto, a controvérsia em torno do projeto sugere que ainda há muitas questões em jogo antes que a situação possa ser totalmente resolvida.