A discussão sobre a jornada de trabalho no Brasil, especialmente em relação ao modelo 6×1, ganhou força com declarações recentes do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e do ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta.
Esse sistema de escala, que exige seis dias consecutivos de trabalho seguidos de apenas um dia de descanso, é criticado por ser desgastante e exaustivo.
O modelo atual e seus desafios
Atualmente, muitos trabalhadores brasileiros seguem a escala 6×1, com seis dias consecutivos de trabalho e apenas um dia de descanso. Esse modelo é permitido pela Constituição, que fixa a jornada semanal máxima em 44 horas.
Especialistas apontam que essa escala, embora comum, pode ser desgastante, levando ao aumento de problemas de saúde mental e física, como estresse e fadiga.
Pela legislação atual, a jornada não deve ultrapassar 8 horas diárias, podendo ser estendida em até 2 horas extras, desde que não exceda 44 horas semanais.
O que está em jogo?
A proposta, apoiada pela deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), visa reduzir a jornada semanal para 36 horas e alterar o sistema de folgas, oferecendo três dias de descanso ao trabalhador.
Um dos principais objetivos da medida é eliminar a escala 6×1, com a intenção de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, reduzindo o desgaste físico e emocional.
Estudos internacionais indicam que jornadas reduzidas podem melhorar a produtividade. A ideia é que menos horas trabalhadas, com mais dias de descanso, tornem os funcionários mais satisfeitos.
Declarações e apoio ao debate
O vice-presidente afirmou que a redução da jornada de trabalho é uma “tendência” global e que o tema precisa ser debatido de forma ampla pela sociedade e pelo Congresso.
Em nota, o ministro Paulo Pimenta expressou apoio pessoal à proposta, considerando a redução da jornada como uma possibilidade “plenamente possível e saudável”.
O órgão reforçou que o tema deve ser tratado por meio de convenções e acordos coletivos, sugerindo que empresas e empregados dialoguem para encontrar o melhor formato.
Visão de Hugo Motta
O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), candidato a presidente da Câmara, não se posicionou claramente a favor ou contra, mas defendeu um debate inclusivo, ouvindo tanto trabalhadores quanto empregadores.
Hugo Motta destacou a importância de analisar o impacto da proposta no mercado de trabalho, alertando sobre a possibilidade de que mudanças radicais na jornada possam afetar a economia e a criação de empregos.
Segundo Motta, o Congresso deve conduzir esse debate com responsabilidade, equilibrando os interesses de todos os setores.
Busca por um modelo de trabalho mais flexível e saudável
Em diversos países, a discussão sobre a redução da jornada semanal para 36 ou até 32 horas tem ganhado força. Experiências em empresas como Microsoft no Japão mostraram que uma semana de quatro dias de trabalho pode aumentar a produtividade.
A adaptação para um modelo com mais dias de descanso busca não apenas reduzir o desgaste físico, mas também promover um ambiente de trabalho mais flexível e adaptável às necessidades da vida moderna.
Uma rotina menos exaustiva pode diminuir o número de licenças médicas, além de reduzir o risco de doenças relacionadas ao estresse, como hipertensão e transtornos psicológicos.
Desafios para as empresas
Para empresas, a redução da jornada representa um desafio de adaptação, especialmente em setores que dependem de horas fixas de produção e atendimento, como indústrias e comércio.
Um modelo de jornada reduzida pode exigir a contratação de mais trabalhadores para cobrir a demanda, impactando os custos operacionais das empresas.
Para as empresas que adotarem a mudança, a redução da jornada pode representar uma vantagem competitiva para a retenção de talentos, atraindo profissionais em busca de equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.
A proposta de extinguir a escala 6×1 e reduzir a jornada semanal para 36 horas representa um avanço no debate sobre a modernização das relações de trabalho no Brasil.
Com figuras públicas se manifestando a favor do diálogo, o tema ganha força e caminha para um debate no Congresso, onde todos os lados deverão ser ouvidos para que se alcance um consenso que beneficie o país.