Envira, um pequeno município situado no sudoeste do estado do Amazonas, Brasil, com pouco mais de 17 mil habitantes, enfrenta uma crise sem precedentes. Localizado a 1.200 km de Manaus, o município está se tornando o epicentro de uma das secas mais severas já registradas na região.
O nível do Rio Tarauacá, que cruza Envira, caiu drasticamente de 8,55 metros em julho de 2023 para 5,26 metros no mesmo período de 2024. Este declínio acentuado nas águas tem isolado várias comunidades, dificultando a mobilidade e o acesso aos serviços essenciais.
A foz do Rio Jurupari, um afluente do Rio Envira, apresenta águas tão rasas que o trajeto entre suas margens pode ser feito a pé, um contraste acom os 6,77 metros registrados no ano passado.
Problemas de abastecimento
A seca tem causado enormes dificuldades no abastecimento de produtos essenciais. A escassez de água tem impactado diretamente o transporte de mercadorias, principalmente aquelas vindas de Feijó, cidade vizinha no Acre.
Barcos que antes faziam a viagem em um dia agora levam até dez dias para completar o trajeto, levando à falta de alimentos frescos e outros itens básicos em Envira, exacerbando a crise humanitária.
Risco de desabastecimento de produtos e energia
O transporte de mercadorias tornou-se extremamente desafiador. Barqueiros, como Elvis Melo, relatam a necessidade de trocar de embarcações para poder operar em trechos mais rasos do rio. A demora na entrega tem levado à perda de mercadorias perecíveis, como verduras, que são vendidas a preço de custo para evitar perdas maiores.
Além disso, o risco de falta de combustível pode afetar o fornecimento de energia, comprometendo ainda mais a qualidade de vida local.
Impactos na saúde e serviços públicos
- Desafios no abastecimento de oxigênio e água: A logística de entrega de cilindros de oxigênio, que anteriormente levava dois a três dias para ser completada, agora leva até doze dias, colocando em risco a disponibilidade do oxigênio essencial para os pacientes.
Além disso, os poços artesianos que fornecem água potável estão se esgotando, forçando a administração local a buscar soluções alternativas para garantir o abastecimento.
- Reação da Defesa Civil e ações preventivas: A Defesa Civil tem orientado a população a se abrigar na sede do município e a armazenar alimentos, especialmente para aqueles com problemas de saúde que podem precisar de evacuação.
A prefeitura decretou situação de emergência, refletindo a gravidade da crise e a necessidade de uma resposta coordenada para minimizar os impactos.
Resposta governamental e medidas de contingência
Em resposta à crise, o governo estadual decretou estado de emergência em 20 dos 62 municípios do Amazonas. As medidas incluem a distribuição de medicamentos e insumos para saúde, além da implementação de ações para garantir o abastecimento de água e a manutenção da produção rural.
A dragagem dos rios também é uma prioridade para melhorar a navegação e o transporte fluvial.
Além da seca, o Amazonas enfrenta uma emergência ambiental devido às queimadas no sul do estado, Manaus e regiões metropolitanas. Os decretos de emergência ambiental têm validade de 180 dias e visam lidar com os múltiplos desafios que afetam a região simultaneamente.