O tema central da 28ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28, que ocorreu no início do ano, foi a urgência na reorientação dos setores energéticos dos países membros. A chave do acordo residia na disposição das nações em mudar seus sistemas energéticos, abrindo mão dos combustíveis fósseis e incorporando alternativas mais limpas e sustentáveis.
Críticas não foram poucas. Embora o comprometimento em fazer a transição para fontes de energia mais limpas tenha sido estabelecido coletivamente pela primeira vez, a falta de especificações sobre como essa mudança deveria ocorrer gerou descontentamento entre os ambientalistas. Esses profissionais já vêm lutando por metas concretas para a neutralização das emissões até 2050.
Por que as especificações foram tão importantes na COP 28?
Considerando o agravamento da crise climática,a falta de um plano de ação claro e imediato para eliminar o uso de combustíveis fósseis foi alvo de críticas. Enquanto o fim desses combustíveis não foi decretado oficialmente, houve uma concordância global sobre a necessidade de afastamento de tais fontes de energia, com medidas efetivas esperadas para esta década.
O acordo, que contou com a participação de 195 países, deixou a desejar ao não incluir orientações específicas sobre como essa redução seria realizada, bem como não mencionou explicitamente a data alvo de 2050 para eliminação total dos gases de efeito estufa.
Quais foram os maiores desafios enfrentados ao finalizar o documento da COP 28?
As tensões durante o desenvolvimento do texto final foram acirradas, principalmente pelas resistências dos países produtores de petróleo. Na tentativa de evitar a adoção de medidas imediatas para a eliminação das energias sujas, estes países entravaram as negociações.
Ao longo da conferência, mais de 100 nações procuraram estabelecer um acordo para a diminuição gradativa do uso de petróleo, gás e carvão. Grandes produtores, como os Estados Unidos, o Canadá e a Noruega, apoiaram esta movimentação, junto a diversos governos e ao bloco da União Europeia.
No entanto, essa proposta encontrou uma barreira na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderada pela Arábia Saudita. Este grupo, que detém cerca de 80% das reservas globais de petróleo, argumentou que é possível reduzir as emissões sem a necessidade de eliminar completamente combustíveis específicos.
Vale mencionar que a realização da COP 28 contou com a presença recorde de aproximadamente 2.400 pessoas ligadas às indústrias de carvão, petróleo e gás, fator que os ambientalistas alegam ter contribuído para a resistência em tomar medidas mais rigorosas contra o uso dos combustíveis fósseis.
No fim das contas, a 28ª edição da cúpula do clima da ONU será lembrada pela importância crucial que a transição energética ganhou no cenário global, mesmo com as controvérsias geradas pela falta de diretrizes claras para a implementação desta transição.