Nos últimos tempos, a ideia de o Flamengo construir seu próprio estádio tem ganhado destaque, substituindo o Maracanã como sua casa. O objetivo é criar uma estrutura que não apenas atenda às necessidades do clube, mas que também se revele uma fonte de receita e um símbolo de sua grandeza.
O Flamengo, atualmente, é um exemplo de equilíbrio financeiro no cenário futebolístico global, rivalizando com os clubes europeus mais sólidos. O site Off the Pitch recentemente divulgou um ranking dos clubes mais financeiramente equilibrados da Europa, considerando critérios como Margem EBITDA, Retorno sobre Ativos e Equity Ratio.
Nesta lista, destacam-se clubes como o Manchester City, Fiorentina e Napoli, que, embora não sejam todos grandes nomes em termos de torcida, são modelos de gestão financeira eficiente. O Flamengo, com sua força econômica e histórica popularidade, poderia seguir um caminho similar para garantir a viabilidade financeira do seu projeto de estádio.
Custos para construir o próprio estádio
Construir um estádio próprio envolve custos, e para estimar o valor necessário, precisamos considerar vários fatores. O Maracanã, embora seja um dos estádios mais populares do Brasil, apresenta desafios para o Flamengo.
A concessão do estádio e a divisão com o Fluminense criam riscos legais e operacionais, além de limitar o potencial de receita com ingressos e comprometer a qualidade do gramado. O clube enfrenta uma limitação de capacidade, com uma demanda que poderia ser melhor atendida por um novo estádio.
Para calcular o custo de um novo estádio, que poderia acomodar cerca de 80 mil pessoas, é necessário avaliar os custos do terreno e da construção. Embora os números exatos sejam difíceis de precisar, a geração de caixa do Flamengo em 2023 é um ponto de partida fundamental.
O clube gerou R$ 279,6 milhões, uma quantia que garante um elenco competitivo e permite o pagamento de dívidas. Além disso, a receita com bilheteira e sócio-torcedor soma R$ 260 milhões. Se aumentarmos essa receita em 30% e reduzirmos os investimentos em contratações pela metade, poderíamos ter uma disponibilidade adicional de R$ 218 milhões para financiar a construção do estádio.
O cenário financeiro do Brasil apresenta desafios
O país precisa de fontes estruturadas e com custos aceitáveis para obras de grande porte, o que pode complicar a obtenção de financiamento para o projeto. Ter R$ 218 milhões disponíveis é um avanço significativo, mas é preciso considerar os impactos na competitividade do time.
Reduzir investimentos em contratações pode afetar o desempenho esportivo, o que exige uma gestão mais eficiente e cuidadosa.
Uma solução para reduzir esses riscos seria buscar parceiros para compartilhar o financiamento do estádio. Investidores privados ou fundos imobiliários poderiam entrar com capital, ajudando a reduzir a dívida sem que o Flamengo precise sacrificar seu orçamento destinado ao elenco. Este modelo de parceria pode facilitar a construção do estádio sem comprometer a qualidade do time.
Vantagem de ter um estádio próprio seria o aumento das receitas
Com um novo estádio, o Flamengo poderia explorar novas fontes de renda, como lojas, restaurantes e até um museu. A receita direta de bilheteira poderia ultrapassar R$ 250 milhões, e com uma gestão eficiente, o clube poderia gerar valores anuais superiores a R$ 300 milhões.
A construção de um estádio não necessariamente exige a inclusão de shows e outros eventos fora do futebol, o que simplifica a gestão e maximiza o retorno financeiro.
A experiência do Corinthians com a Neoquímica Arena oferece lições importantes. O excesso de dívida e um custo de construção incompatível com a capacidade de geração de receitas resultaram em dificuldades financeiras.
O Flamengo deve evitar esses erros, garantindo que seu balanço esteja preparado para absorver o impacto financeiro da construção e operar a nova arena de forma sustentável.