O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), retomará suas operações após uma intensa campanha de limpeza devido às chuvas torrenciais que alagaram o terminal em abril e maio.
A concessionária Fraport, responsável pela administração do aeroporto, divulgou recentemente imagens mostrando o terminal após a conclusão dos trabalhos de limpeza. A enchente histórica paralisou as operações no início de maio, e a previsão é que os voos sejam retomados em dezembro deste ano.
Com a interrupção das operações no Salgado Filho, uma operação emergencial foi montada na Base Aérea de Canoas, localizada na região metropolitana de Porto Alegre. As operações de embarque e desembarque foram realocadas para o ParkShopping Canoas, que agora funciona como um terminal improvisado.
O terminal temporário opera a partir das 6h e encerra as atividades conforme a programação de decolagem do último voo do dia. Os passageiros são transportados até a base aérea por meio de ônibus disponibilizados pela operação emergencial.
A Fraport solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) um pedido de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão, devido aos impactos financeiros das enchentes. O pedido, que ainda não tem prazo para ser analisado, pode resultar na redução do pagamento de outorga à União, no alongamento do período de contrato ou no aumento das tarifas pagas por passageiros e companhias aéreas.
No último fim de semana, as aeronaves que ficaram ilhadas no aeroporto receberam autorização para decolar, um passo importante na retomada gradual das operações. A data exata para a reabertura completa do Salgado Filho ainda não foi definida, mas os esforços de recuperação continuam em ritmo acelerado.
Impacto do Aeroporto no Rio Grande do Sul
As enchentes que afetaram o aeroporto Salgado Filho são parte de um evento climático extremo que devastou grande parte do Rio Grande do Sul. As chuvas históricas de abril e maio causaram destruição em diversas regiões, levando a prejuízos bilionários e afetando milhares de pessoas.
Entre os mais afetados estão os irmãos Waldir Ademar e Rubem Alfredo Ruppenthal, que vivem em Forquetinha, a 130 km de Porto Alegre. Eles perderam toda a silagem armazenada para o gado e tiveram que descartar mais de 1,3 mil litros de leite devido à falta de refrigeração.
Em todo o estado, as perdas totais chegaram a R$12,5 bilhões em 478 municípios, com a agricultura e pecuária sofrendo um impacto de R$4,673 bilhões. O professor de economia da UFRio Grande, Cristiano Oliveira, destaca a dificuldade dos pequenos produtores em se recuperarem, devido à falta de recursos e à poupança.
Mudanças Climáticas
Os problemas climáticos no Rio Grande do Sul são recorrentes, com o estado localizado em uma região propensa a variabilidades climáticas extremas. Segundo os meteorologistas, a localização do estado, na área de transição de massas de ar frio da Antártica e de ar quente do centro do país, contribui para essas variações.
Gilberto Cunha, agrometeorologista da Embrapa Trigo, e Glauco Freitas, meteorologista do Inmet, explicam que o encontro dessas massas de ar e das correntes marítimas no litoral da região cria uma zona climática muito instável. Além disso, as mudanças climáticas estão tornando esses eventos mais intensos e frequentes.